sexta-feira, 2 de maio de 2014

Lázaro Ramos fala de racismo e novela Geração Brasil

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Ator, apresentador, escritor e até diretor de teatro, o baiano Lázaro Ramos é um artista de talentos múltiplos. Longe da TV aberta desde 2013, quando interpretou Zé Maria em Lado a Lado (Globo), Lázaro volta às novelas em Geração Brasil. Nesta entrevista exclusiva ao jornal MASSA!, do Grupo A TARDE, ele conta o que mais gosta de fazer quando está em Salvador e qual sua estratégia para combater o racismo. Sobre a campanha lançada por Neymar, "Somos Todos Macacos", o ator é enfático. "Não dá para tratar um tema tão sério comparando pessoas a animais".

O que mais gosta de fazer: personagem engraçado ou dramático?

Eu me sinto bem nos dois. Não tenho como escolher. Gosto de construir a minha história mostrando a possibilidade da diversidade.  Até porque a tendência que se tem é limitar um ator em  um mesmo perfil, ainda mais  um ator negro.

Como será seu personagem em Geração Brasil?

Ele é um guru, melhor amigo do personagem do Murilo Benício. Superdotado, fala oito idiomas e tem um livro publicado, "O  Mistério". Esse livro ajuda muito as pessoas, só que a vida pessoal  de Brian Benson é muito atrapalhada.

O que mais te motivou a aceitar o convite para fazer a novela?

Primeiro foi o encontro com Luís Miranda, que é um ator que admiro profundamente. E  outra é que essa  novela está permitindo esculhambar. Estou tirando sarro com o jeito dos americanos. 

E você conhece alguém parecido com  o Brian?

A maioria dos meus amigos. Eu também sou assim. É muito mais  fácil aconselhar do que colocar em prática os conselhos, mas a maior inspiração é do texto dos autores.

Você é uma pessoa engraçada. Como é isso?

Eu vejo a vida toda com muito humor. Para onde eu olho, vem uma piada na minha cabeça. Mas é claro que nem tudo que faço na sala de casa eu levo para as telas ou para os palcos.  Tem coisa que é mais íntima. Gosto do humor inclusivo, daquele que faz todo mundo rir junto. Hoje em dia tem uma corrente do humor que é muito simplista, óbvia, que é rir do mais fraco, e desse tipo de humor perverso eu não gosto.

Você mora no Rio de Janeiro há 14 anos. O que gosta de fazer quando está aqui na Bahia?

Encontrar com meus amigos, visitar o teatro Vila Velha, andar pelo Campo Grande, comer comida daqui e  bater papo na casa dos meus parentes.

Por falar em comida, tem algo que você só come aqui na Bahia?

Frigideira de repolho, abará e a empada de Dindinha (madrinha do ator, uma senhora de 80 anos). Quando chego aí sou bem dengado, ela inclusive faz uma boa quantidade para eu trazer para o Rio. 

Falando sério agora. Você já foi vítima de racismo. Como lida com isso?

Já fui vítima várias vezes. Mas a formação que eu tive na minha casa, com minha família, sempre reforçou a minha autoestima. Depois, profissionalmente com o Bando de Teatro Olodum, então aprendi a responder. Não se pode fazer de conta que o racismo não existe.

E o que você acha da campanha #somostodosmacacos, lançada por Neymar?

Sinceramente não entendo. Acho que o racismo é uma situação muito séria, gravíssima. Não se combate o racismo comparando pessoas a animais. Não dá para fazer graça com isso. Racismo  é crime e tem que ter punições sérias. Não dá para tratar como brincadeira.

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