sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Com Lázaro Ramos, série "Ó Paí, Ó" conta histórias com o deboche baiano

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A Bahia inspirou grandes histórias na TV. Com Jorge Amado, que deu origem a "Gabriela", "Tieta" e "Porto dos Milagres", ou Benedito Ruy Barbosa, com "Renascer", a teledramaturgia brasileira já retratou os hábitos e costumes do povo baiano. Hábitos e costumes que reaparecem em "Ó Paí, Ó", série que estréia na Globo em setembro.

Mas, ao contrário dos arquétipos mais antigos da baianidade que o telespectador se acostumou a ver, a produção traz personagens com uma roupagem mais contemporânea. "É um recorte dos arredores do Pelô. Vamos contar histórias com o deboche baiano", adianta a diretora geral e responsável pela trilha sonora, Monique Gardenberg.

Adaptada para o cinema --o longa homônimo esteve em cartaz em 2007-- e TV a partir do texto do Bando de Teatro Olodum, a série, que no "baianês" significa "olhe para isso, olhe", retrata o dia-a-dia de sete famílias em um cortiço no Pelourinho, bairro histórico de Salvador. Regadas a música, humor e cores, entrelaçam-se situações cômicas e críticas sociais invariavelmente apresentadas pela comunidade.

O protagonista Roque, interpretado por Lázaro Ramos, é um cantor que usa a ironia e a arte como ferramentas de luta política. "Ele tem um olhar sonhador, mas defende os seus como um herói popular", explica Lázaro, que gravou 12 musicais que serão apresentados ao longo da série e mais 17 canções em estúdio. "Foi divertido. Como minha voz é mais grave, fiz aulas para adaptá-la ao tom mais agudo do personagem", pontua.

Divulgação

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Os atores Érico Brás, Matheus Nachtergaele e Lyu Arison

Para contrapor a luta ética de Roque, Queixão, personagem de Matheus Nachtergaele, promete apimentar ainda mais a já agitada rotina do cortiço. O bandido, que ostenta tatuagens e um figurino espalhafatoso, faz de tudo, desde piratear CDs e táxis até imitar Roque, de quem morre de inveja, em sua forma de cantar e dançar. "Ele é um maluco-beleza baixo-astral e violento ao mesmo tempo. E é bem diferente do Boca", conta Matheus, referindo-se ao vilão interpretado por Wagner Moura no filme. O ator ficou de fora da série por estar em cartaz na peça "Hamlet", de Shakespeare, em São Paulo.

A série foi toda filmada nas ruas da capital baiana e em cortiços do Pelourinho. Desde o início, uma das maiores preocupações de Monique foi garantir autenticidade, por mais adversas que fossem as condições. O figurino, assinado por Cao Albuquerque, foi garimpado em brechós e promete ser fiel à parte da Bahia representada nas histórias. "Rodamos em prédios antigos, apertados. Dependemos de condições climáticas, por exemplo. Mas quis tornar o cenário o mais original possível", avalia Monique.

O grande número de rostos desconhecidos é outro diferencial. Além de nomes consagrados como Lázaro Ramos, Matheus Nachtergaele e Stênio Garcia, que vive o comerciante Jerônimo, a produção conta com jovens talentos baianos. Um deles é Aline Nepomuceno, que vive Dandara, grande amor de Roque. A atriz foi descoberta por Monique Gardenberg durante os testes. Boa parte do elenco também é formada por atores do Bando de Teatro Olodum, que originou a série. "Desde 1990 escrevemos sobre a realidade dessas pessoas e suas condições de vida", conta Érico Brás, ator que viverá o taxista Reginaldo.

Composta por seis episódios - "Mãe e Quenga", "Fiéis e Fanáticos", "Mercado Branco", "Brega", "Bye, Bye Pelô" e "Virado do Avesso" - de 35 minutos cada, "Ó Paí, Ó" conta com quatro diretores. Além de Monique Gardenberg, Mauro Lima, Olívia Guimarães e Carolina Jabour assinam as histórias.

Co-produção da Globo com a Dueto Filmes, a série, que foi toda rodada em película 16 mm, ainda não tem dia nem horário certos de exibição na emissora. Guel Arraes e Jorge Furtado são os responsáveis pela redação final, que inevitavelmente é preenchida pela improvisação dos atores. E pelo sotaque carregado, é claro. "Deixamos aflorar essa naturalidade, que está na veia dos atores do Bando", garante Carolina Jabour.

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